Por que falar de somatossensorial?
O sistema somatossensorial integra sinais de tato, pressão, posição e movimento (propriocepção) vindos de pele, músculos e articulações. É ele que permite:
- andar sem olhar para os pés,
- dosar força ao segurar um lápis,
- manter equilíbrio e postura.
Quando esse sistema fica “barulhento” ou “fraco”, o corpo compensa com padrões menos eficientes — típicos em TEA e TDAH.
O que muda no TEA e no TDAH
- TEA: variações na modulação sensorial (hiper/hiporresponsividade) e maior dependência proprioceptiva. A criança pode buscar pressão profunda (pular, apertar, bater palmas) para se organizar, mas tem adaptação motoramais lenta.
- TDAH: até metade apresenta desafios motores (equilíbrio/coordenação) ligados ao cerebelo. É comum inconstância de força e ritmo, com maior busca por movimento para regular atenção e impulsividade — o que aumenta risco de quedas.
Propriocepção: a “busca” que organiza
A pressão profunda nos músculos e articulações costuma acalmar, melhorar foco e ajudar no planejamento motor. Por isso, atividades com carga/empurrar/puxar, e sinais táteis consistentes, são tão valiosos para TEA/TDAH.
Como as Faixas Neuro ajudam (na prática)
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Toque firme e contínuo (“abraço organizado”)
Reduz sobrecarga sensorial, ancora o corpo e favorece autorregulação (menos inquietação; mais disponibilidade atencional). -
Consciência corporal ↑
O cérebro “lê” melhor tronco e membros → postura mais estável; transferência de peso mais segura (ficar de pé, caminhar, subir degraus). -
Ativação muscular mais adequada
Tensões leves/posicionamentos direcionam o uso dos músculos certos na hora certa (ex.: menos colapso medial de joelho, menos “bamboleio” de tronco). -
Prevenção de quedas e economia de energia
Estabilidade + alinhamento = menos tropeços, menos fadiga e mais tolerância às tarefas escolares e ao brincar.
Lembrete: baixa tensão, pele íntegra e revisões frequentes. A faixa não restringe; ela orienta.
6 aplicações rápidas (exemplos)
- Tronco (wrap leve): para criança que escorrega na cadeira ou “busca” encostar o tempo todo. Resultado esperado: mãos livres e postura mais estável para comer, desenhar, copiar da lousa.
- Cintura escapular/ombros: reduz elevação/encolhimento compensatório; melhora alcance e precisão manual.
- Quadril/joelho (espiral/Y): atenua valgo dinâmico, melhora base de suporte ao caminhar.
- Tornozelo/pé (espiral): reforça pista para contato de calcanhar e estabilidade em superfícies variadas.
- “Focus band” suave (tronco superior): em TDAH, favorece autorregulação em atividades sentadas.
- Integração tarefa-alvo: aplicar antes/durante a atividade (10–20 min), testar carryover sem faixa.
Rotina sugerida (pais + terapeuta)
- Meta funcional (4–6 semanas): ex. “permanecer sentado 10 min com mãos livres” ou “percorrer 15 m sem quedas”.
- Escolha mínima eficaz de aplicação (tronco? MMII?).
- Sessão 12–18 min: 2’ preparação → 8–12’ tarefa funcional (varie superfície/velocidade/objetos) → 2–4’ desaceleração.
- Progresso por contexto, não por força: mude ambiente, direções, exigência de atenção dual.
- Revisão quinzenal: pele, conforto, tensão, ganhos. Ajuste e avance.
Estratégias que potencializam o efeito
- Propriocepção ativa: empurrar/puxar elástico leve, carregar “mochila sensorial” leve, percursos com obstáculos.
- Pausas sensoriais programadas: pular corda/mini-trampolim, parede de empurrar, prancha de equilíbrio.
- Higiene ambiental: reduzir ruído visual/sonoro em tarefas de foco.
- Códigos visuais simples (1–2 passos por vez) + reforço positivo imediato.
Indicadores de que “está funcionando”
- Mais tempo on-task (atenção/execução).
- Quedas e tropeços ↓.
- Esforço percebido ↓ para a mesma tarefa.
- Postura mais simétrica e uso de mãos mais livre.
• • Humor/ansiedade mais estáveis durante atividades.
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