Canelite em quem começou a correr: causas, sintomas e como tratar (sem parar tudo)

Canelite em quem começou a correr: causas, sintomas e como tratar (sem parar tudo)

Se você começou a correr para ganhar saúde e, antes do condicionamento, a canela começou a reclamar, respira: dá para ajustar a rota sem terrorismo. A canelite (também chamada de shin splints ou síndrome do estresse tibial medial) é uma irritação dolorosa nos tecidos ao redor da tíbia, muito comum em quem está iniciando ou voltando às corridas. A boa notícia é que não é o fim do projeto – com manejo de carga, exercícios certos e pequenos ajustes técnicos, você volta a correr com mais segurança.

 

O que é canelite — e por que aparece tanto em iniciantes

A canelite surge quando o pico de carga sobe rápido demais para a capacidade atual dos tecidos. Em português claro: muita intensidade, muito cedo. Somam-se a isso alguns fatores que “puxam o tapete” da sua perna:

  • Panturrilha fraca e tendões pouco resistentes;

  • Tornozelo “preso” (baixa mobilidade dorsal), o que endurece o impacto;

  • Quadril pouco estável (glúteo médio fraco);

  • Passada longa e cadência baixa, que aumentam a pancada no solo;

  • Superfície dura e progressão de treinos sem planejamento.

 

O corpo não está “de birra”: a dor é um pedido de organização.


Como reconhecer (sintomas típicos)

Dor na borda interna da perna, próxima à canela, que piora correndo e alivia ao parar; pode ficar sensível ao toque após o treino. Em estágios iniciais, some rápido; se você ignora os sinais, tende a aparecer mais cedo e durar mais.


⚠️ Sinais de alerta (procure avaliação): dor pontual e bem localizada no osso, inchaço que não cede, dor que persiste em repouso ou piora à noite. Pode indicar fratura por estresse ou outras condições.


Tratamento que funciona (sem zerar a corrida)

A regra de ouro: o que você faz hoje não pode piorar amanhã. Em vez de sumir com a corrida, vamos ajustar a dose.

 

1) Manejo de carga

Nos primeiros dias, troque o contínuo por intervalos (ex.: 2–3 min caminhando + 1–2 min trote), reduza a dureza da superfície e encurte a passada (cadência um pouco maior costuma ajudar). Se no dia seguinte a dor “subiu um degrau”, reduza novamente. Progrida devagar e sempre (evite saltos >10%/semana).

2) Mobilidade estratégica

Solte o tornozelo (dorsiflexão), fáscia plantar e cadeia posterior. Mobilidade abre caminho para a força trabalhar sem atrito desnecessário.

3) Força que protege (progressiva, sem dor)

O objetivo é tornar tendões e músculos mais resistentes:

  • Panturrilha excêntrica (no degrau): 3×10–12 por perna, devagar;

  • Tibial posterior e anterior (elástico/halter leve): 2–3×12;

  • Glúteo médio (aband/estática em apoio unilateral): 2–3×30–45s;

  • Core básico para estabilidade da pelve.

 

Dica prática: 2–3 sessões curtas/semana (15–25 min) já mudam o jogo quando feitas com consistência.

 

4) Técnica e conforto (os coadjuvantes que somam)

  • Drills de corrida leves ao final (pés rápidos, skipping baixo) para “limpar” a mecânica;

  • Bandagens esportivas (ex.: Kinesiology Sport da Fisiovital) como feedback proprioceptivo no arco/face medial da tíbia – não “curam”, mas ajudam a distribuir carga e lembrar o corpo do caminho certo;

  • Agulhamento a seco (dry needling) e técnicas manuais podem modular a dor em pontos de tensão da panturrilha/tibiais quando bem indicados;

  • Tênis: vale revisar, mas sem esperar milagres. O que mais resolve é carga bem dosada + força + técnica.

 

Um plano simples de 4–6 semanas

 

  1. Semanas 1–2: intervalar corrida/caminhada, mobilidade diária de tornozelo, força leve (panturrilha excêntrica, tibiais, glúteo). Dor ≤3/10 durante, 0–1/10 no dia seguinte.

  2. Semanas 3–4: aumentar tempo de trote, manter intervalos; progressão de força (volume/controle), adicionar drills curtos.

  3. Semanas 5–6: aproximar do contínuo confortável; manter força 2×/semana; reintroduzir treinos um pouco mais longos, sempre checando a resposta no dia seguinte.

 

Com esse roteiro, muitos corredores voltam a treinar sem dor limitante entre 4 e 8 semanas, agora com base mais forte.

 

Recuperação conta (muito)

Sono decente, hidratação, alimentação e pausas ativas entre treinos aceleram a cicatrização do tecido. Dor inflamatória adora corpo parado e desidratado — não dê esse presente a ela.

 

Perguntas frequentes (FAQ)

Preciso parar totalmente?

Geralmente, não. Modular a carga costuma ser melhor que zerar, desde que a dor não piore depois.


Alongar resolve?

Ajuda como parte do pacote, mas sozinho não resolve. O pilar é força progressiva (principalmente panturrilha excêntrica) + técnica + carga bem conduzida.


Palmilha ajuda?

Pode dar conforto em alguns casos (pé muito pronado, arco colapsando), mas não substitui fortalecimento e controle.


Quando procurar avaliação?

Se a dor não melhora em 2–3 semanas, se é pontual no osso, há inchaço ou dor em repouso/noite. É preciso descartar fratura por estresse ou síndrome compartimental.

 


 

 

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