O que é canelite — e por que aparece tanto em iniciantes
A canelite surge quando o pico de carga sobe rápido demais para a capacidade atual dos tecidos. Em português claro: muita intensidade, muito cedo. Somam-se a isso alguns fatores que “puxam o tapete” da sua perna:
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Panturrilha fraca e tendões pouco resistentes;
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Tornozelo “preso” (baixa mobilidade dorsal), o que endurece o impacto;
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Quadril pouco estável (glúteo médio fraco);
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Passada longa e cadência baixa, que aumentam a pancada no solo;
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Superfície dura e progressão de treinos sem planejamento.
O corpo não está “de birra”: a dor é um pedido de organização.
Como reconhecer (sintomas típicos)
Dor na borda interna da perna, próxima à canela, que piora correndo e alivia ao parar; pode ficar sensível ao toque após o treino. Em estágios iniciais, some rápido; se você ignora os sinais, tende a aparecer mais cedo e durar mais.
⚠️ Sinais de alerta (procure avaliação): dor pontual e bem localizada no osso, inchaço que não cede, dor que persiste em repouso ou piora à noite. Pode indicar fratura por estresse ou outras condições.
Tratamento que funciona (sem zerar a corrida)
A regra de ouro: o que você faz hoje não pode piorar amanhã. Em vez de sumir com a corrida, vamos ajustar a dose.
1) Manejo de carga
Nos primeiros dias, troque o contínuo por intervalos (ex.: 2–3 min caminhando + 1–2 min trote), reduza a dureza da superfície e encurte a passada (cadência um pouco maior costuma ajudar). Se no dia seguinte a dor “subiu um degrau”, reduza novamente. Progrida devagar e sempre (evite saltos >10%/semana).
2) Mobilidade estratégica
Solte o tornozelo (dorsiflexão), fáscia plantar e cadeia posterior. Mobilidade abre caminho para a força trabalhar sem atrito desnecessário.
3) Força que protege (progressiva, sem dor)
O objetivo é tornar tendões e músculos mais resistentes:
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Panturrilha excêntrica (no degrau): 3×10–12 por perna, devagar;
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Tibial posterior e anterior (elástico/halter leve): 2–3×12;
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Glúteo médio (aband/estática em apoio unilateral): 2–3×30–45s;
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Core básico para estabilidade da pelve.
Dica prática: 2–3 sessões curtas/semana (15–25 min) já mudam o jogo quando feitas com consistência.
4) Técnica e conforto (os coadjuvantes que somam)
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Drills de corrida leves ao final (pés rápidos, skipping baixo) para “limpar” a mecânica;
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Bandagens esportivas (ex.: Kinesiology Sport da Fisiovital) como feedback proprioceptivo no arco/face medial da tíbia – não “curam”, mas ajudam a distribuir carga e lembrar o corpo do caminho certo;
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Agulhamento a seco (dry needling) e técnicas manuais podem modular a dor em pontos de tensão da panturrilha/tibiais quando bem indicados;
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Tênis: vale revisar, mas sem esperar milagres. O que mais resolve é carga bem dosada + força + técnica.
Um plano simples de 4–6 semanas
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Semanas 1–2: intervalar corrida/caminhada, mobilidade diária de tornozelo, força leve (panturrilha excêntrica, tibiais, glúteo). Dor ≤3/10 durante, 0–1/10 no dia seguinte.
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Semanas 3–4: aumentar tempo de trote, manter intervalos; progressão de força (volume/controle), adicionar drills curtos.
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Semanas 5–6: aproximar do contínuo confortável; manter força 2×/semana; reintroduzir treinos um pouco mais longos, sempre checando a resposta no dia seguinte.
Com esse roteiro, muitos corredores voltam a treinar sem dor limitante entre 4 e 8 semanas, agora com base mais forte.
Recuperação conta (muito)
Sono decente, hidratação, alimentação e pausas ativas entre treinos aceleram a cicatrização do tecido. Dor inflamatória adora corpo parado e desidratado — não dê esse presente a ela.
Perguntas frequentes (FAQ)
Preciso parar totalmente?
Geralmente, não. Modular a carga costuma ser melhor que zerar, desde que a dor não piore depois.
Alongar resolve?
Ajuda como parte do pacote, mas sozinho não resolve. O pilar é força progressiva (principalmente panturrilha excêntrica) + técnica + carga bem conduzida.
Palmilha ajuda?
Pode dar conforto em alguns casos (pé muito pronado, arco colapsando), mas não substitui fortalecimento e controle.
Quando procurar avaliação?
Se a dor não melhora em 2–3 semanas, se é pontual no osso, há inchaço ou dor em repouso/noite. É preciso descartar fratura por estresse ou síndrome compartimental.
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